Auxiliar Administrativo

Bem vindx à mais uma aula do curso de Auxiliar Administrativo!

Em nossa última aula de conteúdo iremos estudar um tópico extremamente importante para o mundo contemporâneo - o empreendedorismo.

Sugiro, para estudos complementares deste curso o material descrito nas referências bibliográficas, em especial:

Simbora, povo!


Sumário da Aula

  1. Empreendedorismo
  2. Empreender e Inovar
  3. Tipos de Empreendedorismo
  4. Teoria das Necessidades Adquiridas
  5. Críticas ao Empreendedorismo
  6. Resumo
  7. Exercícios
  8. Referências Bibliográficas

Empreendedorismo

Em nosso dia a dia, a utilização do termo empreendedorismo está cada vez mais comum. Não é raro a divulgação de notícias sobre empreendedores que ganharam bilhões com os mais diversos negócios.

Filmes espetaculares como Bohemian Rhapsody, Walt Before Mickey, O Lobo de Wall Street, Um Senhor Estagiário e diversos outros trazem histórias de superação e sucesso que alimentam e encorajam as pessoas a empreenderem.

Neste sentindo o próprio Governo Federal promoveu um grande incentivo ao empreendedorismo ao criar a classificação de MEI - Microempreendedor Individual, que conta com mais de 8 milhões de registrados.

Por trás de todos esses exemplos há um termo em comum: o empreendedorismo.


Empreender e Inovar

De acordo com BRITO et al. (2013), o termo empreender possui origem francesa (entrepeneur) e significa “assumir riscos e começar algo novo”. Historicamente (e nos exemplos acima) a ideia de empreender está fortemente relacionada com o retorno financeiro e pessoal. No entanto, já no século XVII, os economistas distinguiam a figura do empreendedor e do capitalista.

Para Richard Cantillon, banqueiro, escritor e economista do século XVII, o empreendedor, ao contrário do capitalista, assume riscos em suas atividades: enquanto os capitalistas fornecem o capital (dinheiro e recursos) necessário para os investimentos, é o empreendedor que descobre e explora as novas oportunidades de negócios e mercados.

Essas duas figuras, no contexto do sistema capitalista, esperam obter lucro dos seus investimentos. No entanto é o empreendedor a figura responsável por explorar e iniciar novos nichos de mercado. Para entender a diferença entre os dois vamos analisar alguns exemplos.

Desde a Idade Média, os burgueses assumem um importante papel na economia em dois importantes ramos: o bancário, ao oferecer empréstimos aos mais diversos setores sociais; e o imobiliário, ao investir em construções e lucrar com seu uso por outras pessoas (aluguéis). Estes dois mercados são considerados, de modo geral, bastante estáveis e com bom retorno financeiro.

Analisando o mundo contemporâneo há alguns exemplos interessantes de empreendedorismo:

1) Até o séculos XIX a iluminação era feita exclusivamente por meio de velas e lampiões. No entanto, com a invenção das lâmpadas elétricas e a difusão da eletricidade, o uso desses produtos caiu consideravelmente. Trata-se de um exemplo de inovação.

2) Desde o lançamento do primeiro iPhone, em 2007, o mercado de telefonia móvel aumentou consideravelmente. Todo o mercado de telefonia (em menos de 15 anos!) precisou se adaptar às novas exigências do público, que rapidamente se tornou global. Outro exemplo de inovação.

3) Ainda no contexto digital, novos canais e redes sociais de comunicação, como Facebook, YouTube, Twitter e Netflix transformaram as maneiras como as pessoas se relacionam e, com isso, todo o mercado de vendas e prestação de serviços - inovação.

Nestes exemplos o empreendedorismo surge quando uma figura (empreendedor) investe financeiramente em um produto (ou serviço) inédito e obtêm um bom retorno financeiro - e cria um novo mercado.

Na década de 1980 o economista austríaco Joseph Schumpeter desenvolveu o conceito de destruição criativa que afirma que o sistema capitalista possui uma tendência de inovar suas atividades em busca de maior efetividade (eficiência + eficácia). É aí que surge a importância da inovação para o empreendedorismo, pois é nessa renovação que o empreendedor desempenha seu papel.

Inovações, por si só, podem mudar o mundo mas não serem, a princípio consideradas como bons mercados de investimento. Um exemplo interessante é o da imprensa.

Por volta de 1430, já no fim da Idade Média, o inventor Johannes Gutenberg desenvolveu as prensas móveis que permitiram a rápida produção de livros e jornais impressos: é dessa máquina que vêm o termo imprensa, hoje relacionada ao setor de Comunicação. Historicamente os jornais, rádios, televisões, cinema, propagandas, marketing e até a Internet devem sua origem à invenção de Gutenberg.

Demorou cerca de 200 anos para que as prensas móveis de Gutemberg fossem utilizadas de modo comercial mais amplo, com a criação de jornais e revistas. A partir daí, as inovações e empreendidas foram se acumulando.

Com todos esses exemplos dados fica claro que para empreender não é necessário somente inventar algo novo (apesar desta ser uma possibilidade!). Um bom empreendedor deve modificar a economia e trazer novos produtos e serviços: às vezes basta um olhar diferente para algo que já existe.


Tipos de Empreendedorismo

Como vimos acima, o empreendedorismo desempenha um importante papel de impulsionar o crescimento econômico e social de uma dada época. Por essa razão, tende-se a associar o empreendedorismo com o contexto empresarial, no qual o empreendedor investe em áreas inovadoras gerando riquezas pessoais e coletivas (SEBRAE, 2013).

No entanto, o empreendedorismo vai muito além do contexto empresarial. De fato, alguns autores delimitam e definem 3 outros tipos de empreendedorismo: o social, o intraempreendedor e o empreendedor por necessidade.

No empreendedorismo social o objetivo buscado é o de “construir um mundo melhor para as pessoas”. Assim, ao contrário do empreendedorismo privado, onde os benefícios são individualistas e majoritariamente financeiros, a modalidade coletiva desta prática busca alcançar ganhos sociais.

Exemplos de iniciativas sociais são bastante comuns em países em desenvolvimento, com a criação de ONGs, projetos filantrópicos e Associações diversas. Nas palavras de Dornelas (2011):

[Os empreendedores sociais são] extremamente importantes, já que através de suas ações e das organizações que criam preenchem lacunas deixadas pelo poder público. De todos os tipos de empreendedores é o único que não busca desenvolver um patrimônio financeiro, ou seja, não tem como um de seus objetivos ganhar dinheiro. Prefere compartilhar seus recursos e contribuir para o desenvolvimento das pessoas.

Outro tipo de empreendedorismo apresentado na literatura é o intraempreendedorismo. Nesta modalidade, a inovação ocorre dentro de organizações (e não com a criação de novas) por meio da implementação de novos processos que aumentam a efetividade da organização, fornecendo vantagens competitivas.

Um bom exemplo deste tipo de iniciativa está no mercado de delivery e as vendas feitas de forma online, que durante muito tempo estiveram restritas a algumas áreas do mercado e hoje, pós covid-19, são uma necessidade para a sobrevivência dos negócios.

No contexto social de países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, o empreendedorismo pode surgir como uma necessidade. Para Dornelas (2011):

O empreendedor por necessidade cria o próprio negócio porque não tem alternativa. Geralmente não tem acesso ao mercado de trabalho ou foi demitido. Não resta outra opção a não ser trabalhar por conta própria. Geralmente se envolve em negócios informais, desenvolvendo tarefas simples, prestando serviços e conseguindo como resultado pouco retorno financeiro. É um grande problema social para os países em desenvolvimento, pois apesar de ter iniciativa, trabalhar arduamente e buscar de todas as formas a sua subsistência e a dos seus familiares, não contribui para o desenvolvimento econômico.

O governo possui programas diversos, como o MEI, que facilitam e colaboram para o empreendedorismo. Mas, ainda assim, os problemas sociais e as razões que levam ao empreendedorismo são, muitas vezes, a única opção para milhões de pessoas.

O autor afirma ainda que “os empreendedores por necessidade são vítimas do modelo capitalista atual”, pois apesar de possuírem iniciativa empreendedora e inovadora, não possuem acesso a recursos básicos como educação, e a estruturas que os ajudem a empreender de maneira estruturada. Este é um problema que ainda está longe de ser resolvido no Brasil, e infla nossas estatísticas sobre o empreendedorismo.


Teoria das Necessidades Adquiridas

O empreendedorismo pode ser motivado pelos mais diversos fatores, sejam eles econômicos ou não. Neste contexto, a Teoria das Necessidades Adquiridas, desenvolvida por David McClelland, é bastante apresentada e discutida.

Esta teoria afirma que existem 3 tipos distintos de motivos ou necessidades que impulsionam as pessoas a agirem. McClelland afirma que todas as pessoas possuem um pouco de cada uma dessas necessidades, sendo uma delas mais destacada que as demais. São elas (SEBRAE, 2013):

1) Motivo de Realização: desejo de alcançar algo difícil, em busca de sucesso, inclusive, acima dos prêmios. Os indivíduos com esse tipo de necessidade pretendem, mais que obter sucesso individual, obter feedback concreto do seu grau de desempenho no grupo, pois buscam fazer melhor as coisas.

2) Motivo de Afiliação: desejo de travar relacionamentos pessoais próximos, evitar conflito, estabelecer fortes
amizades, ser solicitado e aceito pelos outros. Os indivíduos com essa necessidade social demonstram ter dificuldade em avaliar os subordinados de forma objetiva, pois as pessoas são mais importantes que a
produção de outputs.

3) Motivo de Poder: desejo de ser responsável pelos demais e ter autoridade sobre outros. Estes individuso preferem o confronto, a concorrência e se preocupam muito com seu prestígio, reputação e com a influência que possam exercer sobre as outras pessoas, inclusive, mais do que com os seus resultados.


Críticas ao Empreendedorismo

Esta mesma crítica social é feita pelo historiador Leandro Karnal, que, junto aos filósofos Luiz Felipe Pondé e Mário Sérgio Cortella também criticam o conceito de felicidade e satisfação pessoal que vêm do contexto empreendedor.

Considera-se o empreendedor como uma espécie de heroi moderno, que apesar de todas as dificuldades e combates, consegue prosperar e provar para todos que estava certo desde o início. Artigos, reportagens e dezenas de livros se especializam em relatar e explicar os sucessos destes herois e como eles combateram os mais diversos vilões.

O sucesso pessoal e a felicidade, para nossa sociedade capitalista globalizada e tecnológica do século XXI, está em trazer para a vida de cada um o empreendedorismo e o espírito inovador - e com isso alcançar a felicidade e o sucesso pessoal.

Vende-se, com estas histórias de sucesso a ideia de que a felicidade só pode ser alcançada com o sucesso, o trabalho duro e com a roteirização da vida: você deve estudar, abrir uma empresa, conseguir dinheiro, … e só assim será feliz. Esta visão é extremamente limitada quanto ao potencial e as diferenças de cada um.

Finalizando com uma frase de Pondé (2019): “A pior coisa que pode existir é um empresário deprimido. Deprimidos vão ser filósofos, historiadores, poetas. Empresário não pode ser deprimido. Então o capitalismo empurra você para ser feliz ou pelo menos para projetar a ideia de felicidade. (…) (Devemos voltar) a simplesmente abraçar a ideia de que de fato é possível se produzir uma felicidade que não seja atormentada continuamente pelo fracasso dela.”


Resumo

  • O empreendedorismo apresenta características econômicas, sociais e psicológicas relacionadas à inovação e mudança do status quo, em busca de maior efeciência e ficácia;

  • O empreendedorismo pode ser de 4 tipos principais:

    • Empreendedorismo Privado: focado na obtenção de lucros e ganhos pessoais;
    • Empreendedorismo Social: focado na obtenção de benefícios para a sociedade, sem obtenção de lucros;
    • Empreendedorismo por Necessidade: ocorre devido a necessidades econômicas por parte do indivíduo, geralmente sem grande inovação e estruturação (informalidade);
    • Intraempreendedorismo: ocorre no interior de organizações já existentes, alterando o seu modus operandi em busca de maior eficiência e eficácia.
  • De acordo com a Teoria das Necessidades Adquiridas, há 3 tipos diferentes de motivação por trás de todas as ações, incluindo as empreendedoras:

    • Motivo de Relização: busca alcançar sucesso e metas elevadas, reagindo bem às competições;
    • Motivo de Afiliação: busca construir relações interpessoais fortes, atribuindo mais importância às pessoas do que às tarefas;
    • Motivo de Poder: busca controlar, dominar e influenciar outras pessoas, espontaneamente assumindo posições de liderança.
  • Diversas críticas históricas e sociais são feitas à visão do empreendedorismo como uma farmacopeia (remédio) para a felicidade e o sucesso pessoal.

Exercícios

01) Cite 5 características comportamentais de um empreendedor.

02) Exemplifique 3 situações onde ocorre:

  • Empreendedorismo Privado
  • Empreendedorismo Social
  • Empreendedorismo por Necessidade
  • Intraempreendedorismo

03) Diferencie os 3 diferentes tipos de motivos apresentados na Teoria das Necessidades Adquiridas de McClelland.

04) Assista ao vídeo abaixo e responda:

  • O que é life as a service (LaaS)?
  • Que tipo de empreendedorismo ocorre no LaaS.
  • Cite 5 exemplos de negócios que se utilizam do modelo LaaS.

04) Pesquise o significado dos tipos de operação comercial a seguir: B2B, B2C, B2E, B2G, B2B2C, C2C.

  • Dê 5 exemplos de empresas ou serviços que se enquadram em cada tipo de operação acima.
  • Relacione os modelos B2E e C2C com o empreendedorismo.
  • Que tipo de empreendedorismo ocorre no modelo B2E? E que tipo de empreendedorismo ocorre no modelo C2C?

Referências Bibliográficas

ALVES, A. R. Empreendedorismo e inserção no Mundo do Trabalho. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente do Estado de Pernambuco. Recife: ECSECTMA, 2009. v.2; p. : il. Disponível em https://bit.ly/2yZ01A0. Acesso em 18 de mai. de 2020.

BRITO, A. M.; PEREIRA, P. S.; LINARD, A. P. Empreendedorism. Juazeiro do Norte: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE, 2013. 96 p.; il. Disponível em https://bit.ly/3dQAIi6. Acesso em 18 de mai. de 2020.

CORTELLA, M. S.; KARNAL, L.; PONDÉ, L. F. Felicidade Modos de Usar. São Paulo: Planeta do Brasil, 2019. 160 p.

DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. Disponível em https://bit.ly/2LVYQE4. Acesso em 24 de mai. de 2020.

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MESSA, W. C. Empreendedorismo. Curso Técnico em Manutenção e Suporte em Informática. Manaus: Centro de Educação Tecnológica do Amazonas, 2011. 68 p. : il. Disponível em https://bit.ly/367TM92. Acesso em 18 de mai. de 2020.

SEBRAE. Módulo 1 O Empreendedor. Manual do Aluno. Brasília: SEBRAE, 2013. Disponível em https://bit.ly/2TwujAP. Acesso em 24 de mai. de 2020.